A presente exposição é fruto e desdobramento da exposição Manguinhos: Território em Transe que nos idos de 2011 se propôs a contar histórias de formação do Rio de Janeiro, olhando para Manguinhos e sua participação e relevância nos processos históricos.

Manguinhos é uma dentre as muitas favelas da cidade do Rio, abriga um universo dentro de si e muitas histórias a contar. As favelas constituem as cidades brasileiras, são reflexo da desigualdade inerente ao sistema capitalista, nascem e se desenvolvem dando forma à uma urgência e necessidade básica negada à parte da população: o acesso à moradia. Ao longo dos anos, o tratamento do Estado para com as favelas variou e com isso também as políticas públicas pensadas para elas, caminhando de uma visão mais estigmatizante e classista que tentou eliminar, remover e afastá-las da "cidade" chegou-se a conclusão tardia que não de que não seria possível se livrar dessa organização social que crescia toda vez que a reprimiam, começaram os projetos de urbanização, ainda assim, não raro, os moradores que construíram suas casas, as ruas e comércios, não foram ouvidos no desenrolar desses projetos ditos mais progressistas. O Estado não conseguiu cumprir seu papel para com a população mais pobre e segue se fazendo ausente ao mesmo tempo que repressor para com as comunidades mais pobres dessa cidade e país.
Os movimentos sociais quando afirmam que: FAVELA É CIDADE, estão trazendo muitas camadas dessa relação, cidade-favela à tona. A favela em sua precariedade e problemáticas estruturais é fruto da desigualdade sistêmica do capitalismo, da colonização, do regime escravocrata, do roubo de terras e da negação de direitos aos negros e pobres. A favela em suas potências infinitas é palco de resistência cotidiana e reinvenção da vida, é o desdobrar da cidade em caminhos inimagináveis, cada casa ali erguida é registro de uma história de resistência e reinvenção. A favela não está alheia a cidade, ela é a cidade, sem ela a cidade não acorda, sem sua força de trabalho a cidade não teria crescido, nem produzido riqueza, então, talvez muitas das histórias contadas estejam sendo contada de maneiras tortas, sem encarar e exaltar as mãos que de fato ergueram esse país. Cabe então, inverter os olhares, como aqui propomos, e observar a história sob outros ângulos, tentando descobrir o que fica tantas vezes escondido e silenciado.

MANGUINHOS: FAVELA É CIDADE