Trabalho: Por que não temos o mesmo acesso?
O trabalho, assim como a saúde, o saneamento, a moradia, a educação, a cultura e mobilidade, é uma das condições necessárias para a nossa vida. Além de ser um direito social, que não chega para todos e todas de forma justa e igualitária, por conta das diferentes formas de desigualdades e explorações que existem no sistema capitalista, causadas há séculos pela manutenção do racismo e das diferenças de gênero e classe social. As condições de trabalho que levamos em nosso dia a dia influenciam diretamente em nossa saúde (física e mental). Quanto tempo gastamos no trabalho? E quanto tempo temos para viver para além da necessidade de se trabalhar?
Além disso, temos ainda um processo excludente e desigual de acesso ao trabalho formal e à garantia de direitos, como: férias, décimo terceiro, licença maternidade, aposentadoria e seguro desemprego. Muitas pessoas seguem sobrevivendo no trabalho não protegido, ou seja, trabalhando sem carteira assinada, por muitas horas em troca de baixos salários e sem acesso aos direitos e garantias que deveriam chegar a qualquer trabalhador ou trabalhadora.

Segundo pesquisa realizada pelo IBGE no ano de 2020, mais da metade dos brasileiros em idade para trabalhar não tiveram acesso a um emprego. Esse processo de desigualdade foi um dos reflexos da pandemia de COVID-19 e da falta de planejamento e gestão governamental para a resolução dos problemas sociais que se intensificaram na crise sanitária. Os dados do IBGE revelam também que as mulheres trabalham e estudam mais que os homens, combinando atividades remuneradas, afazeres domésticos e cuidados de pessoas. Mesmo assim, ganham 30% a menos. Além disso, a população negra é a mais afetada pelas desigualdades de acesso ao trabalho, ou seja, o desemprego e os trabalhos informais atingem mais pessoas negras do que brancas.